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quarta-feira, 17 de maio de 2017





Comunic'ação


Comunique ação. Qual modo mais efetivo que a ação para comunicar? Qual maneira mais intensa? Qual argumento é mais persuasivo que o exemplo? Qual teoria é mais contundente que a prática de si mesma? Alguém muito mais inteligente que eu certa vez disse: “Os homens se refugiam na teoria e pensam que estão sendo filósofos e se tornarão bons dessa maneira. Nisso se assemelham ao enfermo que escuta atentamente o seu médico, mas não faz nada que ele prescreve.” Então, qual o papel da comunicação? Essa arma tão poderosa e volátil, capaz de destruir nações e criar impérios, muitas vezes tem munição, mas a mira (leia-se foco) está desregulada. A prova prática disso é a massificação dá solidão coletiva escancarada nas MUITAS redes sociais; um lugar onde todos estão constantemente [para não dizer freneticamente] falando, falando, falando e mais vomitando palavras que falando, mas falando, falando. Não é possível afirmar com clareza, entretanto é bem provável que se fale tanto porque não há nada para dizer. E porque não há mais nada a dizer, essas frases [e fotos] perdidas que vem e que vão tem, por assim dizer, a única função de transportar esse vazio que não mais se aguenta em ter para si, é preciso que outros também o possuam. É necessário que outros colaborem para o alargamento do abismo que existe entre os vários “eus” que navegam sem saber de onde vem ou para onde vão; ou porque, ou quando, ou como, ou o que. Até que esse “eu” descubra que para navegar é preciso primeiro ter uma rota, senão apenas naufraga-se. No entanto, é possível que haja um encontro m'eu e s'eu [nos'so] com um famigerado gato que ao ser perguntado sobre onde vai dar esse caminho dê como resposta a incomum indicação: “Pra quem não sabe para (ou porque) ir qualquer caminho serve.”.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

É pistola.


A primeira postagem do blog tem como base uma aula do curso de Teatro em uma quinta-feira. O tema abrange todos os desdobramentos que podem vir a partir daí. Preparem-se pois tudo pode acontecer depois desse texto [Inclusive nada!].




Dia 5erve / dexemplo / 2000eSempre




É pistola



- Oi gente! Como vocês estão? Estou passando para dizer que foi um tempo “bacanérrimo” o que tivemos na última quinta. Nossa, como podemos ser produtivos. Perceberam que nem toda conversinha de quinta é inútil? E como foi útil, independente das muitas ideias geniais não proferidas.

Tudo em uma tarde de quinta. Passeamos de mãos dadas, nos abraçamos, trocamos olhares carinhosos sem malícia, de pura admiração. Em um curto espaço de palavras flutuamos contemplativos ao protagonizarmos a cena de um flerte torpe e espontâneo destituído de intenção sexual. Por outro lado, também nos distanciamos, brigamos, fomos hipócrita-mesquinhos, trocamos farpas e quase partimos para as vias de fato, e o fato é que para me atingir é preciso primeiramente estar em mim, enquanto para mim, no que diz respeito a afetá-los, me basta ser quem sou. Com isso não estou querendo insultá-los ou tentando afirmar minhas capacidades e escancarar minha prepotência. Não se sintam ofendidos, a ofensa é um veneno que só funciona quando se ingere. Psh! Não! O que estou dizendo é: Eu poderia muito bem ter dado uma rabissaca e os deixado sozinhos com suas instruções e conexões e ilusões de opiniões e outros milhões de “ões”; mas não consigo, minha própria natureza não permite que eu vá embora. Porque existo, fico. Também poderia ter ficado e criado confusão, lutado e deixado cicatrizes, mas não o fiz. Hm... Tá bom. Ok! Fiz. Mas, no máximo, bati gentilmente em vossas faces com minha luvinha de seda adornada de bordados artesanais que eu estava vestindo na ocasião.

Independente do ocorrido nossa relação continua, nosso jogo de expandir e retrair permanece: falar-escutar, compartilhar-absorver, sombra-luz, divagar-produzir, entrar-sair, fitar-beijar, abrir-fechar, pensar-praticar, segurar-soltar, tudo-nada. Possivelmente (Eu disse possivelmente!) um dia seja revelado a vocês o segredo sistólico-diastólico da existência, destarte, ilumine-se a percepção de que o universo que habitamos é tão vasto quanto o universo que habita em nós, que a formação de uma galáxia e a supernova de um corpo celeste não é tão diferente de uma gravidez e um funeral. Não sei se deveria dar pistas tão claras, mas vocês nunca pararam pra reparar que o sangue responsável por transportar glóbulos de vida aí dentro precisa de um coração que relaxa e contrai? Que os órgãos genitais dilatam e encolhem? Que o afeto aumenta e diminui? Que o conhecimento se dissipa e se concentra? Que a vida começa e termina?

Ah! Por falar nisso, já foi dito que estas são duas coisas que quando guardadas são perdidas: afeto e conhecimento. Coincidentemente (ou não) são temas bastante recorrentes em mim. Como debatemos e citamos [ai, como gostamos de citar], citamos e não situamos [não somos nem obrigados], quase sempre colocando em si atuações e máscaras de grandes pensadores e dos maiores gênios, sem saber que do ponto de vista da natureza [naturalmente semelhante meu] os maiores e mais inteligentes homens da história tem tanta força e relevância quanto os maiores e mais inteligentes cupins da história.

E a moda? Agora está na moda abordar a imensa, a colossal e revolucionária “MUDANÇA DO MUNDO” e que o mundo está “REALMENTE” mudando e que é
nosso dever quase “sagrado”, como uma dádiva entregue apenas a uns escolhidinhos, é não só retratar o belo dessa mudança como também proferir verdades eternas. Mas, gente, o mundo sempre mudou [talvez seja isso que faz ele ser mundo], a diferença atualmente é a velocidade dessa mudança.
A velocidade com que mais portas estão sendo abertas e outras tantas estão sendo fechadas. Todo dia maçanetas são giradas e trincos são quebrados. Por falar em porta... Como a gente se porta em relação ao feedback de nossas expresssões? O que a expressão porta? E quando a pressão se comporta como uma ex-pressão? Em algum instante foi aberta a porta da torta consciência do incompreensível. Desde o momento em que o navio Téspis, vindo de além-mar da imaginação, chega e aporta no universo palpável e limitado do mundo material nos foi revelado: o que importa é saber/fazer o que importa.

Para fazer uma brincadeira comigo mesma lanço mão de uma figura de linguagem concedia a vós por mim, bem antes de vocês darem um nome a ela, a sempre surpreendente e sedutora metalinguagem: falamos do expandir-retrair e, não por acaso, esquecemos do pulmão, visto que ele infla e seca, inspira e expira o ar; esse ar que tu necessitas para sobreviver é o ar que sobreviveu a outros que viveram antes de ti; seja um tufão ou um sopro esse(a) ar te faz mover para dentro e para fora e vice-versa, talvez. E é justamente com a certeza desse talvez que me despeço, me colocando à disposição e estabelecendo a lembrança de que a única coisa que me justifica é que eu não preciso de justificativa. Beijos.


Ass: Arte.